sexta-feira, 10 de julho de 2009

Texto antigo: Primavera de 2008 - Caio F, ou me escuta Zezim...


Hoje, acordei abrindo as janelas e dando bom dia ao mundo. Talvez seja essa apenas uma maneira de disfarçar o desespero e o caos interior, ou quem sabe, um modo de salvação. Bebi café, companheiro de momentos indizíveis e comi morangos, não mofados, mas vermelho sangue, bolo de chocolate e medos particulares.Ouvi Led Zeppelin e Janes Joplin, como não fazia há muito tempo. Me sinto uma criatura de três mil anos em um corpo de trinta. Carrego comigo todas as culpas do mundo e uma piedade infinita pela raça qual apesar de tudo ainda pertenço. Você, desejo pífio, está vagando pelo mesmo mundo que eu agora, mas por mais que tente não consigo mais avista-lo. Quando foi que o tudo se transformou em tão pouco? Onde estávamos para permitir o definitivamente banal? Que merda está acontecendo agora? Perdemos a direção dos olhares que nos iluminavam e ao mesmo tempo nos devorava. No entanto, fazia parte de um elo que éramos nos dois. Mesmo sem palavras, trocas ou juras. Existia nos dois. Perdidos entre cães raivosos e respeitáveis contribuintes da hipocrisia universal. Resistíamos nos dois, com nossa pequena grande história ainda não vivida, mas largamente ensaiada. E por fim mal resolvida, em meio de senhoras amantíssimas e senhores aparentemente corretos por demais. Em um covil de lobos mal comidos, com corpos enferrujados e corações embalsamados. Fomos proibidos de amar, pois nada ofende mais a esta gente do que o brilho do desejo qual eles não podem conter. A gana de trepar, de foder, de gritar, de gozar, de viver. A lucidez plena, a libertação total. Mas seu medo foi maior do que tudo o que um dia me contou com o olhar. Então, fico tentando juntar peças de um quebra cabeças que é só meu.Procuro poesia em meio à lama e aos excrementos que recebo todos os dias vindos da normalidade condicionada. Olho para estas pessoas e não consigo gritar, sinto pena e esta é minha maldição. Ainda me choco e me revolto e ao perceber isto estou mais forte, pois eles não conseguem destruir minha alma. Ainda há luz para nos salvar criança. Assim, não me arrependo de mais nada e não julgo a ti, pois só assim poderei partir sem temores afinal. Segura a minha mão e não olha para trás. Se todos vão virar sal, apaga da sua mente os pecados que não são mais nossos e escape por nos.

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